sábado, 25 de septiembre de 2010

Salar de Uyuni

Chegámos a Uyuni às 18h30 ainda com tempo para procurar agencias de turismo para fazermos a tour ao salar. Perguntamos a vários turistas que já tinham feito a tour como era. Se gostaram se foi caro, perguntámos também nas agencias as condicoes e o que iamos ver e depois de algumas indecisoes escolhemos ir com a Nueva Aventura. Pagámos 1050 bolivianos por 4 dias. (Pensámos na de 5 dias mas o preco era o dobro e os sítios a visitar praticamente os mesmos)
Devo confessar que sintomo-nos fortunados por termos ido com a Nueva Aventura, pois o condutor de seu nome Edgar, tinha já 14 anos de experiencia a fazer tours pelo salar e fez de tudo para que nunca nos faltasse nada. Sempre bem-disposto, simpático e divertido levou-nos em primeiro lugar ao cemitério dos comboios, onde para surpresa de todos voltámos a encontrar o Markus! Tirámos umas fotos à Lawrence da Arabia e à Regresso ao Futuro III e partimos rumo a Colchany. (Artesanias de Sal) Aproveitámos para aprender como é que eles processam o sal, para depois exportar e ficámos a saber que 50kg de sal custam apenas 10bs !!!
Finalmente acabámos por entrar no maior salar do mundo e tirámos umas quantas fotos em cima de montes de sal. Seguimos rapidamente para o museu de sal onde a entrada era gratuita mas eramos obrigados a consumir algo! Almocamos lama, que até estava saborosa, com quinoa (espécie de arroz) e depois fomos tirar as famosas fotografias cheias de efeitos especiais com a infinidade do salar como pano de fundo.
A última paragem foi o nosso humilde hostal com o vulcao Tunopa por detrás. Demos um pequeno passeio, vimos lamas e flamingos e fomos ver o por-do-sol no salar. Após o jantar e conversar um pouco com os nossos companheiros, suicos Thierry e Marie e os checos Ana e André, fomos dormir pois o dia seguinte seria bastante longo.

Acordámos às 5h da matina :( para visitarmos umas múmias e subirmos até ao mirador do vulcao. Tarefa nada fácil visto que estávamos a mais de 4000m de altitude. (O salar encontra-se a 3600m) Por volta das 12h estávamos de volta ao hostel para almocarmos e seguirmos para a ilha Incahuasi. Ao chegarmos à ilha acabámos por encontrar a Marcela e o Taygoara já que eles tinham ido com outra agencia e queriam fazer somente 3 dias. Se bem que nos contaram que a agencia deles fechou no dia em que deveriam partir e tiveram que ficar mais um dia em Uyuni (mais outra razao para termos ficado satisfeitos com a nossa agencia). A ilha Incahuasi é uma ilha no meio do salar, bastante estranha, pois nao se percebe muito bem a sua formacao e no seu solo existem apenas cactos! Gigantes cactos de 9m de altitude e que cada mes crescem 1cm. Como sempre pagámos 15bs para entrar também podemos utilizar a WC eheheh. Continuámos a viagem e tive a oportunidade de conduzir o jipe no salar após chatear o Edgar continuamente e a Ines ficou atrás a tirar fotos. O Edgar lá nos foi explicado a origem do salar. Antigamente o salar era um lago ou melhor estava ligado ao oceano, portanto era de água salgada e com os choques das placas téctonicas, a Cordilheira dos Andes foi-se formando ficando um lago cheio de água salgada envolto em montanhas e cada vez mais a uma altitude superior, estando hoje como já referi a uma altitude de 3600m. O lago secou ficando apenas o sal e somente quando é a época das chuvas (Dezembro a Fevereiro) o salar fica encoberto com uns cms de água tornando o salar num gigante espelho, maravilhoso diga-se de passagem. Mas tem as suas desvantagens, visto que nessa altura nao é possível visitar todos os sítios do salar.
O dia terminou connosco a dormirmos num hotel feito inteiramente de sal (Cada chove fazem uma manutencao do local). O Edgar cozinhou-nos pizza, para nossa sorte e ainda tivemos o privilégio de ver criancas pequeninas a dancarem e cantarem uma danca típica da Bolívia. Após esse regalo fomos para a nossa cama de sal e bem quentinha. Esqueci-me de referir que nesse hotel para tomarmos banho tinhamos que pagar mais 10bs por cada um, mas que soube maravilhosamente bem visto que há 2 dias que nao tomávamos banho.

No 3 dia tivemos que acordar de novo bastante cedo. Desta feita, apenas, por volta das 6h da manha. Tomámos o pequeno-almoco, chá, pao com marmelada, manteiga e sumo e fomos ver o exército de rochas que sao nada mais que fósseis. Um coral que existia quando o salar estava coberto de água. Após uma breve pausa para fotografias fomos ao mirador dum vulcao, ver a lagoa caguapa onde havia muitos flamingos embora tímidos, de maneira que apenas podiamos tirar fotos ao longe e onde ainda vimos uma raposa. Depois vimos a lagoa hedionda, visto que cheirava muito mal, e aí sim conseguimos ver os flamingos mais de perto e finalmente almocamos.
Pelo caminho fomos vendo paisagens extraordinárias e animais bastante estranhos como a chinchilla até parecia que estávamos noutro planeta! Passámos obrigatóriamente pela famosa árvore de pedra e ao entrarmos no parque natural de reserva tivemos que pagar 150bs (No dia 1 de Maio subiram de 30 para 150!) Após esta pequena "portagem" fomos regalar a nossa vista com a belíssima lagoa colorada. É de cor avermelhada devido a pequenos micro-organismos que se encontram no fundo da lagoa. O dia terminou no refúgio de Huathajna onde passariamos a nossa pior de noite com bastante frio, temperaturas abaixo dos zero graus, visto estarmos a uns 4600m de altitude. Mas com muitas camadas de cobertores lá conseguimos sobreviver. O pior era mesmo ir à casa-de-banho a meio da noite. brrrrrrrrr que frio!

No dia seguinte
acordámos de novo bem cedinho para seguirmos viagem até à cidade de Uyuni. E quando digo cedinho, digo antes mesmo do sol nascer nesta parte do mundo, eram 5 da manha. Comecamos o roteiro nos geysers, vestígios de actividade vulcanica naquela zona. De seguida, dirigimo-nos para "aguas termales", onde existe um pequeno lago com água que atinge cerca de 35 graus. E aí, finalmente pudemos tomar o pequeno-almoco, que já eram horas decentes. Do nosso grupo apenas o casal checo teve a audácia de se ir banhar e segundo os seus relatos a água estava óptima.
De volta ao jipe, passámos pelo deserto de rochas de Salvador Dali. Nao porque o pintor alguma vez ali tivesse passado, mas sim porque nunca indo lá Dali pintou um quadro de uma semelhanca incrível com aquelas rochas. Foto, foto e próximo destino: Laguna verde. Mais uma vez, uma lagoa com uma cor incrível, um verde esmeralda, tinha esta cor devido aos ácidos naturais que lá abundam. Bonito mas tóxico! Próxima paragem foi o almoco numa povoacao chamada Villa Mar. E chamar de povoacao a este pequeno vilarejo é muito, visto nao ter mais que 3 casinhas e o sítio onde comemos. O tempo surgia e fomos de novo a caminho da cidade que nos tinha visto partir há já 4 dias. Parando apenas num pequeno povoado chamado San Cristóbal para admirar uma Igreja toda feita em pedra (e claro fechada). Mais duas horas de caminho e estavámos de volta a Uyuni.
Muito cansados desta tour fomos directos ao hostel tomar um bom e merecido banho de água quente e descansar um pouco antes do jantar. Fomos jantar a um restaurante típico onde comemos bife de lama e quinoa. No dia seguinte, pudemos dormir até um pouco mais tarde e recuperar energias de 4 dias sempre madrugadores. Como só tinhamos autocarro para La Paz às 20h, tivemos muitas horas na cidade para passear. O problema é que a cidade resume-se a 2 ruas e acumulando a isso nao tinhamos mais dinheiro trocado e a única caixa multibanco da cidade nao estava a funcionar. Ainda para mais o dia estava cinzento e até chegou a nevar. Resumindo só nos restava ir para a internet, já que era tao barata e sempre estávamos quentinhos. Desta vez optámos por um autocarro de maior qualidade, mas nem assim isso significou uma viagem bem passada. Até La Paz a viagem duraria 10horas.

jueves, 23 de septiembre de 2010

Potosi parte II

No 1 nivel, ouvimos o nosso guia a explicar as condicoes de vida precária que os mineiros levam. Depois fomos até ao segundo nível onde encontrámos um mineiro e ficámos um pouco à conversa com ele e em troca demos-lhe uma das prendas que tinhámos comprado, mas atencao, nao é nenhum chá das 5h.
Estamos uns bons metros debaixo da terra a falar com pessoas que sobrevivem a trabalhar mais de 8horas(por vezes 24h) por dia praticamente sem luz e com condicoes muito precárias. É difícil mas dá-te uma outra perspectiva sobre as coisas.
Descemos até ao terceiro nível (e último para nós) onde nao encontrámos mais mineiros, pois já estava na hora do regresso. Foi muito complicado os caminhos dentro da mina, nao há propriamente caminhos feitos, temos que ir muitas vezes de cabeça abaixada, outras partes de joelhos e chegámos a ir numa parte deitados, pois era tao estreito o caminho que nao havia hipótese. Nao aconselhável a pessoas com claustrofobia. Havia também muito pó, o que dificultava a visibilidade e a respiraçao. Foi díficil, valeu apena, mas nao sei se repetiria. Quando saímos da mina, estávamos à espera de encontrar o resto do grupo  (Esqueci de referir que a Marcela e o Tay ficaram-se pelo primeiro nível) para fazer explodir um pouco de dinamite extra que tinhamos comprado. Explodimos a dinamite só com o nosso guia, pois nao havia sinal dos restantes. Surpresas das surpresas, o autocarro (pelo qual tinhamos pago) tinha-se ido embora sem nós =O
Tivemos que descer até à vila mais próxima a pé. Confesso que depois duma tour daquelas ainda ter que descer a pé e ao frio nao me deixou nada bem disposta. (se a Bolívia nao fosse tao pobre, ia pedir o meu dinheiro de volta)
Depois de alguns autocarros públicos lá demos com o nosso caminho e conseguimos chegar ao hostel, onde já estavam o Tay e a Marcela a perguntar o que nos teria acontecido. Depois do merecido duche de água bem quentinha para tirar a poeira toda já me sentia pessoa outra vez =)
Mais uma vez bem abrigados lá fomos à caça do jantar. Como estávamos cheios de fome e sem muita paciencia, entrámos num dos primeiros sítios que vimos: "Hawai". Estava cheio e as pessoas pareciam satisfeitas. O que era afinal!? só fritos! Frango frito com batata frita...hum que bom. Como já ali estávamos, por lá ficámos. De papo cheio, regressámos de novo ao hostel onde nos esperavam umas malas para fazer e a paciencia quase a zero. Como nesta altura do campeonato ainda nao tinha perdido a cabeça com recuerdos a mala foi relativamente fácil de fazer. Barriga cheia e de mala feita o que se seguia?! Joao pestana, que há muito reclamava o seu direito por umas horas de descanço.
No dia seguinte, acordámos cedinho para ir ver a cidade, coisa que ainda nao tinhamos feito. Como só tinhamos autocarro às 13h, ainda dava para ver uns pontos turísticos. Tomámos o peq-almoço no hostel regado com suminho de laranja natural acadadinho de espremer. O luxo! Uma coisa muito boa por estas bandas sao os sumos naturais. A qualquer altura em qualquer lugar há sempre um suminho fresquinho. Eu e o bruno fomos ver a cidade, enquanto a Marcela e o Tay ficaram para cuidar dos ainda males de altitude.
Acabámos por ir parar ao centro de informaçao turística que tinha um miradouro sobre toda a cidade. Pagámos 10 bolivianos com direito a explicaçao e tudo. Depois eu tive que ir ao mercado à procura duma camisola, pois tinha perdido a minha em Santa Cruz. O bruno como queria ver mais da cidade foi até à Igreja de S. Francisco, que é uma Igreja fundada pelos espanhoís quando se instalaram em Potosi, devido à prata que havia nas montanhas. Nessa Igreja de Franciscanos havia muitíssimas pinturas sobre Jesus Cristo, catacumbas onde se julgavam que havia passagens debaixo da cidade. Acabei por conhecer um espanhol e dois italianos já com uma certa idade e um dos italianos quando soube que era portugues, veio logo falar-me do Mourinho e dizer-me que até chorou quando soube que ele se ia mudar do Inter para o Real!
Encontrámo-nos, os 4, no hostel prontos para pagar e seguir viagem para a estaçao de autocarros. Ao chegarmos à estaçao a senhora da agencia Villa Imperial disse-nos que o autocarro já tinha partido (eram 12h30) e eu expliquei-lhe que nos tinham dito no dia anterior que o autocarro saia às 13h. Armada a confusao disse-lhes que a culpa nao era nossa, mas deles, que os bilhetes se nao eram mais válidos que os trocassem para o autocarro das 19h e a senhora lá telefonou para a outra estaçao de autocarros, porque afinal teriamos que partir para Uyuni doutro sítio. (algo que também nao nos tinham avisado) O autocarro afinal ainda nao tinha saído, mas do lado de lá da linha desligaram o telefone na cara da Senhora! No meio desta confusao toda a Senhora foi a correr para a oficina da polícia para pedir para telefonar para a estaçao  e lá conseguiram telefonar e depois de muitos pedidos dizendo "Estou-lhe a pedir por favor, nao é uma exigencia é só um pedido! Sao turistas e tem que ir para Uyuni, por favor! Já tem o taxi à espera!"" lá conseguiu convencer a pessoa do outro lado da linha a esperar por nós =)
Fomos rápidos e lá conseguimos meter-nos no autocarro, onde tivemos uma pequena surpresa! Vimos o Markus (de Sucre) à espera do autocarro para uyuni, desde as 11h! e que partia apenas às 14h (contou-nos ele mais tarde, já que esta nao será a última vez que o veremos.)
A viagem de autocarro será de 5 horas e 30min cheia de buracos e pedras, autenticos caminhos de cabras.

miércoles, 22 de septiembre de 2010

Potosi parte I

Chegados a Potosi fomos tentar ver se conseguiamos resolver os nossos bilhetes para Uyuni, mas a agência já estava fechada. Resolvemos deixar para o dia seguinte e ir jantar que a fomeca já apertava. Como ainda nao tinhamos hotel, foi essa a nossa prioridade, arranjar um sítio para dormir. Fomos ter ao hostel Koala que tinha o quarto perfeito para nós, 4 camas com uma casa-de-banho privada. Depois de instalados e roupas reforçadas, que o frio já obrigava (4 mil metros de altitude nao sao brincadeira) fomos à procura do melhor restaurante, procurávamos o luxo e encontrámo-lo =) Creio que fomos ao melhor restaurante da cidade! Tinha uma lareira, estava todo bem decorado e os empregados muito bem vestidos. O Tay, mais corajoso, foi logo provar o bife de lama. E eu, feita tontinha, fui pedir o bife à portuguesa. (Acho que só mesmo para saber qual a definiçao de portuguesa deles). Comemos que nem reis e ficamos muito satisfeitos a pensar: "altitude é isto? peanuts!" Ah e por este jantar de luxo pagámos menos de 10euros :O

Demos uma voltinha pela cidade para desmoer e também para contrair o frio que se fazia sentir. Cansados como estávamos foi chegar ao hotel, vestir o pijama e cair na cama.
No dia seguinte quando todos acordámos, o mundo tinha-se tornado num sítio horrível. Quase tudo andava à roda, qualquer barulho era uma explosao e a luz do dia era uma violência para os nossos olhos. Sim, a altitude tinha finalmente atingido estes pobres ingénuos. Eu e o bruno fomos tratar dos bilhetes à estacao e aproveitámos para almoçar por lá, mas estavámos tao "ressacados" que nem conseguimos acabar o prato. No entanto a senhora dos bilhetes sabia quem nós eramos e já sabia da nossa situaçao. Disse-nos que nao seria possível dar-nos os bilhetes naquela altura, mas que no dia seguinte antes do autocarro,às 13h, ela dava-nos.
Fomos para o hostel de novo porque tinhamos marcado a excursao às minas. As minas de Potosi sao a atracçao turística, também porque a cidade financeiramente vive dos mineiros extraidos das minas. Pagámos 100 bolivianos por uma excursao de cerca de 4h. A primeira paragem foi na oficina para trocarmos de vestimentas e estarmos preparados para enfrentar as duras condiçoes das minas. Roupa: calças impermeáveis, casaco igual, galochas, um capacete e uma luz que se atava a um cinto e ao capacete para ficarmos com as maos livres. Já disfarçados de mineiros, e lindos, dirigimo-nos ao mercado para comprar ofertas para dar aos trabalhadores das minas. Comprámos sumo, dinamite e folhas de coca. A coca, aqui na Bolívia, é usada como um energizante, pois dá vitalidade e energia para suportar trabalhos mais pesados. E mais, a folha de coca ameniza os efeitos de altitude (sim nós tomámos), tem montes de proteínas e ainda dá ao corpo uma sensaçao de satisfaçao alimentar.
Prontinhos e já com prendas para os mineiros fomos para a mina candelária, Uma mina com 14 níveis. De referir que nós apenas descemos até ao 3 nível e já estávamos estafados de calor e cansaço. Cada vez que se desce um nível a temperatura aumenta, como devem calcular, pois estamos a ir mais próximos do centro da terra. O último nível desta mina atinge os 45 graus. Calculam o que é trabalhar cerca de 8horas a carregar quilos e quilos de minérios a 45graus ?!
No primeiro nível fomos visitar "o tio" Jorge, o deus a quem os mineiros dao oferendas pelo trabalho e boa sorte. "Tio" é a esposa da pachamama (a alta divindade, a Mae Natureza) e tem este nome devido à linguagem quechua onde o D se lê como T.  Daí o Deus "dio" passou a ser "tio".
Os mineiros

martes, 21 de septiembre de 2010

Sucre

Depois de tudo tratado, finalmente, podemos pôr-nos a caminho do hostel. Para nao termos surpresas escolhemos o HI, cadeia de hosteis internacional, de Sucre. Discutimos o preco do taxi até ao hostel, 3 bolivianos por pessoa e aceitámos. Mal entrámos no taxi, nem os nossos asentos tinham aquecido, já tinhamos chegado. O taxista cubrou 12 bolivianos para andarmos 3 minutos!! mas vá, o que sao 12 bolivianos ? nem 2 euros...
O hostel revelou-se muito simpático. Ficámos os 4 num dormitório com direito à nossa própria varanda. Como tinhamos passado a noite no autocarro a primeira coisa a fazer era banho! 4 banhos depois e já com uma nova disposicao rumámos ao centro da cidade, que se revelou mais longe do que pensávamos. Ao encontrarmos o mercado foi como se um íman nos puxasse para lá. Muitas frutas, muitas cores, muita vida e muita coisa estranha, tal como o focinho de uma vaca (boi?) meio desossado, meio ainda com as narinas a descoberto. Enfim coisas bolivianas.
Acabámos por comprar prata bem barata, gorros, ímanes etc. Depois seguimos para a praca central, aí havia um coreto tal e qual como em Portugal. Descansámos um pouco até que os nossos amigos brasileiros vieram com uma boa notícia. Encontraram uma agência onde podiamos fazer uma adventure tour na manha seguinte. Assim decidimos ir visto que em Sucre nao havia muito para fazer. Pagámos 227 bolivianos cada um e partimos às 7h do dia 25 de Agosto! Nesse dia, 24, o Taygoara fazia 31 anos e eu fazia 25 no dia seguinte, portanto nessa noite fomos para o pub Joy Ride para comemorar.
No dia 25, no meu vigésimo quinto aniversário, partimos rumo à aventura. Foi uma manha muito bem passada! Conhecemos um australiano chamado Markus que se juntou ao nosso grupo. Descemos pelo canyon até ao vale durante 14km, descidas essas partilhadas com vacas e camioes. Caminhámos um pouco, 3km, e por fim chegámos a um pequeno paraíso onde era possível ir com um barco a remos visitar uma pequena nascente. Almocámos disfrutando da paisagem e às 14h estávamos de volta a Sucre para bebermos uma bebida grátis oferecida pela agência.
Com viagem marcada às 16h para Potosi, desta vez a viagem seria de apenas 3 horas e a estrada estaria em melhores condicoes, portanto até se fez bem. O único receio era a altitude, visto que Potosi é a cidade que se encontra em maior altitude em todo o mundo. Compraámos chá de coca e rebucados de coca e lá fomos entretidos pensando que aquela altitude nao era nada de especial.
Compras em sucre
à descoberta do canyon

jueves, 2 de septiembre de 2010

15 horas de Tortura

  Muitas pessoas vendendo na rua e por vezes, tal como no comboio, também subiam para o autocarro para vender comida e bebida. Só que desta vez já não se tratavam de crianças de 8 anos. A viagem corria lindamente até que deixámos de ter alcatrão na estrada. Começou o nosso pior pesadelo! Um autocarro cheio de pessoas, sem casa-de-banho e sem aos solavancos durante as próximas 15horas. (Pelo menos não iamos com porcos e galinhas).
  Por volta das 19horas parámos num sítio para comer onde as condições eram precárias. O condutor disse que tinhamos 20min para jantar, portanto enquanto a Inês foi experimentar a casa-de-banho fui comprar o nosso jantar, por 12.5 bs cada um. O menu era milanesa e acho que nunca comi nada tão frito na minha vida. Escusado será dizer que as pessoas nem esperavam que o empregado levasse a comida à mesa, iam logo tirar o prato fosse o deles ou não. Com esta confusão o empregado acabou por se esquecer de um prato nosso e quando o autocarro já estava a partir tivemos que meter tudo rapidamente na boca, os restos no saco de plástico e fomos a correr atrás do autocarro deixando praticamente um prato cheio no restaurante. A noite já ia cerrada e nós no autocarro ainda a mastigar o jantar que quase tivemos que aspirar. 
 
A casa-de-banho
  Era o pesadelo tornado realidade de qualquer rapariga. Uma sanita cuja cor já não se conseguia perceber bem devido à mistura de velhice e de detritos lá deixados, um autoclismo inexistente substituido por um alguidar gigante com uma garrafa para se fazer a descarga, portas que não fechavam e janelas vedadas com antigos sacos de batatas. Enfim só faltavam lá bichos a circular.


Longas horas depois e ainda sem o destino final à vista, a bexiga já apertava e sem sinal de haver uma paragem para "pipi", tive que pedir ao bruno para perguntar se iamos parar antes que a minha bexiga explodisse. Quando finalmente parámos para "el baño", o que era afinal de contas ?! um descampado! Eu e a Marcela fomos para trás da portagem que lá havia e desenrascamo-nos como pudemos.




Chegámos a Sucre por volta das 9 da manhã (finalmente!!). Não sem antes haver confusão com os nossos bilhetes claro! Já mesmo a chegar, o "fiscal" veio perguntar pelos nossos bilhetes, e apenas aparecia o número dos nossos assentos mas não do Taygoara nem da Marcela. O senhor, quase analfabeto e sem dentes a refilar conosco porque tinhamos os bihetes errados e nós a tentar explicar que tinhamos comprado os certos e pago tudo. Como todos os bolivianos que iam conosco no autocarro já sabiam da nossa situação, saltaram todos em nossa defesa (Como foi demonstrado e irei reforçar mais tarde aqui na Bolívia há um cuidado muito grande com os turistas. Parece mesmo que temos mais privilégios que um local.)Durante esta confusão os bolivianos no autocarro disseram sempre ao fiscal que eramos turistas e que deviamos ser bem tratados. Enfim, tanto eles alegaram em nossa defesa que o "fiscal" desdentado lá se convenceu e nos deixou em paz.
Mas claro que com esta confusão, assim que chegámos a Sucre tivémos que ir ver dos nossos bilhetes para o dia seguinte para Potosi. E claro, mais confusão, mas no meio de tudo tivemos muita sorte, pois o nosso motorista ajudou-nos. Pagou-nos os bilhetes para Potosi, porque os ia reaver mais tarde ao senhor albrabão e ainda ligou à agência em Potosi para explicar a nossa situação para que tivessemos bilhetes para Uyuni.



Um Boliviano aldrabão

  Na nossa senda para encontrarmos uma companhia que nos levasse até Sucre, deparámo-nos com uma oferta enorme de autocarros. Entre mulheres a gritar os vários destinos e homens a meter conversa com turistas (nós), tentámos perguntar ao máximo de companhias sobre preços e condições sempre atentos a avisos anteriores: "Cuidado que os bolivianos gostam de enganar". Foram tantas as ofertas e companhias vistas que se tornou muito complicado a escolha. Entre os quatro já não sabiamos para onde nos virarmos. Entretanto um senhor abordou-nos perguntando para onde iamos. Ele disse que nos conseguia vender os bilhetes para os 3 destinos que procurávamos. Seguimos o senhor, e apesar do meu instinto ter ficado alerta devido à "simplicidade" do seu escritório, lá acabámos por comprar os bilhetes. Não sei se foi devido à ressaca de 21h de viagem ou à inundação de informação nem demos pelos sinais óbvios e claro que fomos enganados. Logo para começar a companhia onde comprámos os bilhetes: "Villa Imperial" nem tinha autocarros próprios. Mas já lá voltamos.
  Depois de comprarmos os bilhetes apanhámos um taxi para o centro da cidade onde fomos procurar alojamento. Tinhamos visto no nosso fantástico guia da lonely planet um alojamento perto do centro e baratinho. (Bem, na Bolívia tudo é barato, acho que mesmo que quisessemos nem iamos encontrar nada caro). Acabámos por ficar no primeiro alojamento que vimos, "Alojamento Santa Barbara", onde pagamos 25bs cada um (menos de 3€) por um dormitório com 4 camas e duche de água quente. Não era nenhum luxo mas também pelo preço não se pode exigir muito. Depois de instalados e a fomeca já apertando, fomos procurar um sítio para comer. No caminho para o centro encontrámos um bar que tinha uma cascata no meio, como achámos tanta piada a isso entrámos só para ver, mas quando vimos os fantásticos menus os nossos rabos colaram-se automaticamente às cadeiras. É de referir o sistema super-avançado que aqui existia. Chamar "oh chefe" ou "oh amigo" é ultrapassado, aqui em cada mesinha havia um botão para chamar o empregado e até mesmo para pedir a contar. Woahhh!!!
   Depois de estarmos de barriga cheia decidimos dar uma volta pela cidade com os nossos novos amigos. Aproveitámos para ir à internet por 4bs à hora e visitámos a igreja que era praticamente o único sítio turístico da cidade. O resto do tempo entretemo-nos no mercado, onde a primeira coisa que fizemos, e que estava contra todas as regras, foi beber um granizado, cheio de gelo e corantes. Apesar do homem ter feito o granizado numa máquina cheia de ferrugem e de pegar o gelo com as próprias mãos (um pouco sujas by the way hehehe) soube-nos muito bem e partimos rapidamente para a caça ao recuerdo. Tudo barato e com bom aspecto, é a perdição de qualquer turista.
  No final do dia já muito cansados seguimos para o nosso alojamento onde adormeçemos sem dificuldade.
  No dia seguinte tomámos os 4 o pequeno-almoço juntos, pegámos nas nossas mochilas e fomos de táxi para a estação de autocarros. Vale a pena mencionar que aqui na Bolívia os táxis pagam-se por pessoa e não têm taxímetro, portanto o facto de sermos 4 num táxi não ajuda a reduzir os custos. A nossa única defesa é, antes de entrar no táxi, perguntar quanto custa até ao destino. Mal chegámos à estação foi uma aventura para saber qual o autocarro que tinhamos que apanhar. Lá acabámos por encontrar o homem que nos vendeu os bilhetes e nos levou até à oficina da "San Francisco". Com alguma confusão à mistura lá entrámos no autocarro mas havia pessoas no nosso assento, visto que havia dois autocarros e o senhor aldrabão tinha vendido os bilhetes com os mesmos assentos mas com horários diferentes. Com isto tudo nem tempo tivemos de ir à casa-de-banho. Pedimos um favor ao motorista de aguardar mais 5minutos e fomos à casa-de-banho ficando o Taygoara no autocarro. Quando voltámos tivemos que correr para o apanhar, pois já se estavam a ir embora sem nós.

miércoles, 1 de septiembre de 2010

A viagem no comboio da morte

Como devem calcular em 21h de caminho num comboio, pouco mais se pode fazer do que comer, dormir e falar. Dentro desta variada paleta de actividades óbvio que a minha favorita foi dormir. O Bruno lá foi falando com o Flávio trocando informacoes e relatos sobre as diferencas da vida na Europa e na América do Sul, neste caso, entre Portugal e Brasil. Apesar dos nossos bilhetes nao serem da mesma carruagem, nós lá arriscámos a nossa sorte e fomos todos juntos para a mesa. O que até resultou durante umas 10horas. Após esse periodo alegre de socializacao fomos expulsos do nosso lugar por pessoas que realmente tinham bilhetes para aquela carruagem. De referir que comprámos bilhetes para a classe Pullman, o que significava, pelo menos na nossa cabeca, mais conforto. Quao enganados estávamos. No nosso imaginário europeu, óbvio, que temos outras expecttivas e quando nos deparámos com o "conforto" e "luxo" da classe Pullman, só pudemos pensar: "nem quero imaginar como serao as outras classes". Resumindo um pouco, banco muito muito velhos onde as suas capas (tb muito muito velhas) deixavam a descoberto uns banco que outroura nem foram confortáveis nem bonitos, corredores muito estreitos e casas de banho que nem vale a pena descrever. No meio de toda esta viagem o que mais me impressionou foi o choque com o pais que é a Bolívia. Durante a viagem o comboio vai fazendo várias paragens e nao só para as pessoas entrarem e sairem, mas também para a populacao local ter uma oportunidade de fazer negócio. Em cada parada lá eramos bombardeados com coisas do genéro: "empanadas", "quesadilhas", cafe con leche", "toranjas", enfim tudo o que pudesse trazer algum lucro aquelas pobres pessoas, cuja única alegria parecia ser o comboio a chegar. Mas o mais impressionante nisto tudo, é que os "vendedores ambulantes" eram criancas. Criancas que mereciam estar a brincar, e no entanto as suas brincadeiras pareciam resumir-se a gritar o nome do seu produto em todo o comboio e isto também a altas horas da noite.
Ums vez expulsos do nosso lugar, fomos para onde nos indicavam os bilhetes, aí apercebemo-nos que nao iamos estar juntos. Tentando dar a volta a situacao, perguntámos a um casal que viajava separado se podiam ficar juntos para nós também podermos sentar lado a lado. Assim fizeram e foi desta maneira que se iniciou toda uma conversa com os nossos novos amigos. (E companheiros de viagem por uns dias)
Marcela e Taygoara, um jovem casal de brasileiros , de S. Paulo, que também decidiram fazer "mochilao" por uns país da América do Sul por um mes. Conversa puxa conversa e vimos que o nosso roteiro, mal saissemos do comboio, ia ser exactamente igual.
O resto da viagem passou-se com alguma tranquilidade, partilhando comda com nativos e mesmo chegando a experimentar frutos cujo nome ainda nao sei promunciar. Eis senao quando chegam os fiscais e mandam toda a gente sentar-se no lugar indicado. Foi uma confusao. E aí, eu e o Bruno, lá nos vimos obrigados a ficar separados. Já cada um no seu lugar, a única opccao, visto ainda faltarem umas 8 horas, foi mesmo tentar dormir. O bruno teve a sorte de partilhar o banco com alguém magrinho, já a mim calhou-me na rifa um senhor muito largo que fazia questao de ocupar o seu lugar e mais metade do meu.
Chegados a Santa Cruz, pusemos a mochila as costas e fomos procurar bilhetes para o dia seguinte para Sucre.

Uma fronteira, 2 brasileiros e uma viagem de 21horas

Chegámos as 23h hora local e após pedirmos informacoes de como chegar a estacao de autocarros, dirigimo-nos a fila para apanhar um taxi. Mal chegamos a fila e para nossa sorte, encontramos 2 brasileiros que iam fazer  mesmo percurso que nós. Dividimos o taxi a meias (10 reais cada um) e compramos os nossos bilhetes para Corumbá as 1h50 (71,70 reais cada um).
Enquanto o autocarro nao chegava iamos falando e trocando experiencias sobre a viagem. Eles eram de Sao Paulo e encontraram-se ambos em Campo Grande porque o seu voo tinha sido cancelado (vieram pela GOL). Apesar do autocarro ter chegado atrasado correu tudo bem e ainda conseguimos dormir um pouco. Finalmente as 8h30, chegámos a fronteira boliviana. Nós tinhamos que carimbar o passaporte, portanto ficámos numa fila cheia de bolivianos. Como a fronteira só abria as 9h e ainda havia bastante pessoas a nossa frente, decidi ir sozinho até a estacao de comboio para comprar os bilhetes. O Miguel e o Flávio juntaram-se a Ines na fila para a fronteira. Primeira coisa a fazer:
- Arranjar bolivianos (1euro = 8.9 bolivianos; 1dolar = 7 bolivianos)
Como nao havia caixas multibanco decidi trocar doláres por bolivianos. A caixa de cambio de Puerto Quijarro é de filme. A senhora que me fez o cambio estava simplesmente sentada na rua a gritar cambio =) A senhora avisou-me que o taxi custava 5 bs até a estacao, apos 3km cheguei a estacao e fui para a bilheteira. Quando nao vi ninguem pensei que estava cheio de sorte. Nao demorou muito para perceber que a sorte nao estava do meu lado. Ao falar com o vendedor percebi que precisava de um documento de identificacao para comprar os bilhetes mas os passaportes tinham ficado com a Ines e tive que voltar para trás. Ainda por cima só havia 5 bilhetes disponíveis. Para voltar para a fronteira a viagem foi caricata, porque tornou-se o primeiro táxi público que alguma vez apanhei. O taxi parou 2 vezes para dar boleia a mais 2 pessoas.
  Quando cheguei a fronteira a Ines o Miguel e o Flávio já estavam a entrar para carimbar o visto de saída do Brasil. Fomos directos para a fronteira da Bolívia carimbar o passaporte. Depois apanhámos os quatro um táxi para a estacao e eu a Ines lá conseguimos comprar os bilhetes yupiiiiiii :) Após essa pequena aventura fomos tomar o pequeno-almoco / almoco e as 12h30 embarcamos com destino a Santa Cruz de La Sierra, uma viagem com 21h de duracao.