domingo, 17 de octubre de 2010

Caminho Inca - O Final

O 3º dia foi o mais comprido de todos visto que andámos 16 Km. Não foi tão difícil como o segundo dia, mas também nos fartámos de caminhar. Desta feita a Inês já levou a mochila às costas. O Gil, bem disposto, ia dizendo algumas piadas e nós tentávamos sempre superá-las. Uma galhofa!
Neste dia já visitámos alguns sítios arqueológicos onde o Gil nos explicava a sua história e mitos. Alguns eram locais estratégicos para observar inimigos, outros postos para os mensageiros descansarem e poderem trocar mensagens. Já que os Incas tinham um império tão grande era necessária a criação destes lugares para os mensageiros puderem repousar ao percorrem os seus longos caminhos. Outros, ainda, pequenas aldeias onde os Incas viviam, alguns postos de controlo para se saber quem iria entrar na cidade sagrada de Machu Picchu e também alguns sítios onde os Incas cultivavam e armazenavam a sua comida.
Entretanto íamos tirando muitas fotografias desse lugar maravilhoso e mágico, a trilha Inca, rodeada por vales e montanhas que vale a pena visitar. Pequenos riachos e cascatas que cruzámos, realmente hipnóticos, fazem com que este caminho se torne inesquecível e fácil de suportar. O senhor velhote, pelo qual tínhamos um enorme respeito, continuava a sua estóica caminhada e, muitas das vezes, indo à nossa frente. Realmente toda a gente comentava como é que ele conseguia. Com certeza que em tempos passados deve ter sido um profissional a fazer escalada, trekking ou algum desporto semelhante. Até chegámos a apelidá-lo de SuperMan.
Por volta das 16h30/17h chegámos ao 3º acampamento e pudemos tomar o  nosso duche quente =D (mais ou menos quente) Soube bem e após o banhinho fomos comer mais biscoitos e bolachas e beber um chá. A rotina era sempre igual e portanto às 19h tinhamos novamente o prato na mesa cheio de comida deliciosa. Era o último jantar juntos e portanto algo especial. Juntá-mo-nos todos e deixamos uma gorjeta de 35 soles cada um aos carregadores, pelo seu duro e bom trabalho. Bem merecido diga-se de passagem!
Descansámos bem pois o último dia seria bem comprido. Levantámos às 3h30 da matina !!! Por duas razões. Primeiro para chegar a Machu Picchu bem cedinho e segundo, a principal razão, porque os carregadores tinham que apanhar o comboio das 5h30 para regressarem a Cusco. Tomámos o pequeno-almoço e esperámos 1h para que as pessoas no controlo passassem e finalmente continuarmos o nosso caminho. Foi uma boa opção visto que até estava a chuviscar àquela hora. Passado 1h30  a 2h chegámos a IntiPunku, ou seja, a Porta do Sol, onde se podia vislumbrar pela primeira vez Machu Picchu e onde o sol no solstício de Verão passava e chegava ao templo do sol que se encontra em Machu Picchu.
Na Porta do Sol seria a nossa oportunidade para vislumbrar Machu Picchu pela primeira vez. Seria o culminar de 4 dias caminhando, finalizando com 45 degraus até à porta do sol. Não cabíamos em nós e excitação (e eu de cansaço). E assim que chegámos, sustemos a respiração e NADA! Nadinha de nada...Estava tudo encoberto por uma camada de nevoeiro branco e cerrado. Não se podia ver nem uma pedra, nem sequer a pontinha do templo! Foi uma desilusão. Como se alguém nos tivesse tirado um sonho! Ainda ficámos um tempinho sentados à espera que o nevoeiro abrisse mas nem uma pedrinha se viu. Decidimos continuar a viagem até à cidade perdida dos Incas, onde ainda iríamos ter que passar pelo último controle e carimbar os nossos passaportes. (sim temos carimbo de Machu Picchu!).
Fomos continuando caminhando sempre um pouco cabisbaixos a pensar no azar que tinhamos, 4 dias à espera daquele momento para vir o nevoeiro e estragar tudo.

Caminho Inca
Descendo as escadas Incas da trilha


Rapariga que teve que se carregada pelos homens durante o caminho


Chegada às Puertas del Sol com vista nublada sobre Machu Picchu

miércoles, 13 de octubre de 2010

Caminho Inca - O Início

Dia 11 de Setembro o dia que antecedeu o início do caminho inca. Como nos tinha sido dito para descansar, assim fizemos. Um dia leve a passear pela cidade de Cusco. Fomos comprar uns últimos recuerdos e enviar tudo para Portugal. Passeamos pela cidade e visitámos mais alguns museus. No final do dia, como sabiamos que o Thomas tinha ido fazer o vale sagrado, fizemos-lhe uma surpresa e fomos ter ao hostel onde ele estava hospedado para o convidarmos para jantar (mais outra despedida :] ). Fomos todos jantar e tirar as últimas fotos. Tivemos a nossa segunda despedida, mas sempre com a promessa de nos encontrarmos em Machu Picchu. O Thomas apesar de não fazer o caminho inca, ia chegar no mesmo dia que nós, à cidade perdida dos incas. Depois fomos todos descansar porque o dia que nos esperava ia começar bem cedo.
Às 6h15 estavam a tocar à porta do nosso hotel para a recolha. Fomos ter até à cidade de Ollaytaitambo, onde mal saimos do autocarro, fomos violentamente abordados por vendedores a impingir tudo e mais alguma coisa. O Bruno sempre com espírito regateador, até criou uma briga entre duas vendedoras. Como ele queria mais barato disse que não comprava, mas uma outra vendedora disse que vendia mais barato e a vendedora original ficou toda chateada e começaram as duas a discutir à nossa frente. Mas foi assim que conseguimos comprar dois ponchos para a chuva por 4soles. Conclusão: a concorrência é boa para o mercado pois baixa sempre os preços. Ainda na mesma cidade tomámos o pequeno-almoço e eu aproveitei para comprar um chapéu. 4 dias a andar de cabeça ao sol não pareceu boa ideia.
Seguimos viagem ainda no autocarro, até ao ponto onde entrariamos no caminho inca. Aí, travámos conhecimento com o nosso guia Gil, e com o restante grupo que nos ia acompanhar. Mais uma vez aí, vendedoras a tentarem vender tudo e masi alguma coisa, mas sempre de uma maneira desesperada. Nós a dizermos não e sempre a insistirem e a esfregarem as coisas na nossa cara. O pânico!
Depois de todas as apresentações feitas pusemo-nos a caminho. Passámos o controlo para entrar, onde verificavam os nossos passaportes e identidade e carimbavam, finalmente, a nossa entrada no caminho. Apesar de sermos ainda um grupo, para fazer a caminhada ia só eu o Bruno e o nosso guia. E só nos juntávamos todos para as refeições e para as dormidas. Assim cada grupo podia ter o seu próprio ritmo. Apesar de eu estar com o Bruno que é muito mais rápido do que eu, mas enfim, o grupo tem que se adequar à velocidade do elemento mais lento: Aqui a menina da cidade, óbvio!
Começámos a caminhada e até ao almoço foi fácil, sempre plano e nada de muito complicado. Ao almoço lá nos encontrámos todos de novo. O Marcelo e a Valéria da Argentina, a Sónia do Uruguai, todos com a guia Juana. Depois com o outro guia iam os dois holandeses, cujos nomes nunca chegámos a perceber e nós com o Gilbert. O primeiro almoço foi calminho até porque ainda não nos conheciamos, mas claro que com argentinos na mesa nunca seria uma refeição silenciosa. Acabámos por descubrir que é mesmo verdade. O povo argentino e uruguaio é muito animado. Após o almoço e o mate de coca seguimos viagem com a mochila às costas. O Gil sempre nos ia dando explicações sobre algumas plantas e árvores e iamos metendo conversa contando coisas sobre Portugal. (Dar a conhecer o nosso maravilhoso país). Continuámos a nossa caminhada bem dispostos e o caminho até era plano. Portanto não exigia muito esforço físico. Por volta das 17h chegámos ao nosso primeiro acampamento. Não tomámos banho, pois a água era gelada (apenas teriamos duche "quente" na 3a noite) e portanto seguimos directamente para a tenda para descansar um pouco. Às 19h horas estávamos todos juntos na mesa para jantar com os nossos guias. Falámos um pouco e comemos bem, aliás é de mencionar que durante toda a trilha inca comemos sempre bem e por vezes até chegava a comer um pouco do prato da Inês =)
O pior pesadelo para a Inês durante os 4 dias seriam as casas-de-banho. Praticamente todos os sítios onde havia casas-de-banho, que nas montanhas não era assim tão comum, apenas exisitia um buraco no chão, onde as pessoas podiam fazer as necessidades, sem papel higiénico, sem sabonete nem sanita. Enfim algo que se toma como garantido tornava a viagem um pouco mais dura, contudo é um contratempo que o mochileiro tem que ultrapassar e 4 dias passam rápido.
Fomos para a cama / chão, às 21h e sem sono e lá tentámos adormecer. Às 5h30 do segundo dia os carregadores/porteadores, que eram peruanos magricelas levavam 20 a 25kg às costas (por vezes até 30kg) desde tendas, mesas, comida, cadeiras, etc, acordáram-nos com um cházinho à porta da tenda e lá nos metemos de pé para o que viria a ser o dia mais duro do caminho inca.
Adorei a experiência, é algo que marca uma pessoa, mas este dia puxou bem por nós por serem 5horas sempre a subir. Os holandeses com receio de ser demasiado duro deixaram a mochila para os carregadores levarem, pagando um extra e a Inês decidiu fazer o mesmo. Eu continuei a levar a minha mochila, saco-cama e colchonete. Quando o sol nasceu, tirámos o casaco porque caminhar com aquele sol provoca imenso calor. Subimos até aos 4200m subindo degraus bem altos. A meio da subida parámos para almoçar e descansar um pouco, o que serviu para recuperar forças visto que a Inês já estava cansada. Após esse momento fomos comprar água visto que a um certo ponto do caminho a água começa a ser escassa e bem cara. Um pormenor que adorei é o facto que ao chegarmos à tenda temos o "empregado", moço como lhe chamavam, com um copo de chicha ou por vezes outra bebida para nos refrescar-nos. O trabalho destes valentes senhores era ainda mais dificultado pelo facto de sairem dos acampamentos depois dos turistas e guias, por terem de arrumar tudo e chegarem antes de nós ao acampamento seguinte para terem tudo preparado. Apenas podiam levar 3kg pessoais, sendo que tudo o resto era equipamento da agência (mais ou menos 20kg). Bom, continuando o nosso caminho subimos até ao cume da montanha levando umas boas 2horas e pelo caminho vimos um velhote, aliás vários para nossa surpresa. No entanto houve um que chamou a nossa atenção, pelo cabelo branco e pelo contraste da mala pesada que levava. Todos faziamos apostas para adivinhar a idade do senhor que acabou por se revelar como o Super-Homem.

Durante o caminho chegámos a ver de tudo, pessoas de todas as nacionalidades e idades inclusivé uma rapariga nos seus 20 anos que se sentiu mal e teve que ser carregada pelos heroícos carregadores. Não sei onde é que eles iam buscar a força! Finalmente chegados ao topo da montanha a Inês estava morta. Tivemos um merecido descanso, mas o dia não ficava por aí. Havia mais duas horas de caminhada só que desta vez a descer. Foi o único dia que não vimos sítios arqueológicos mas com o que caminhámos não havia tempo para mais. Finalmente no segundo acampamento pudemos dar um merecido repouso aos pés, ombros, enfim a tudo o que doia inclusivé a alma. Aproveitámos também para petiscar umas pipocas e comer umas bolachas, tudo cortesia da nossa agência e dos queridos carregadores =)
Novamente às 19h em ponto fomos jantar e ouvimos uma história de terror sobre o sítio onde estávamos para fomentar um pouco o medo antes da hora de dormir. Mas nós não ligámos à superstição e tratámos de ir à casa-de-banho, lavar os dentes e voltámos à tenda pelas 21h para dormir umas belas 7h a 8h horas.



domingo, 10 de octubre de 2010

Vale Sagrado

Passadas umas horinhas lá estávamos de pé com os olhos meio fechados a caminho do vale sagrado dos Incas. Num autocarro cheio de gente, aí fomos nós aos solavancos guiados por um guia que fazia o seu melhor para dar uma voz mistica à tour mas falhando completamente, tornando-se apenas muito irritante. A primeira paragem foi no mercado de Pisca, onde estivemos cerca de 20min. Um mercado mais uma vez artesanal, onde os vendedores eram os produtores, logo tudo era mais barato. Seguindo a viagem com o rio Urubamba como paisagem a nossa próxima paragem foi o sítio arqueológico de onde, mais uma vez visitámos ruínas Incas. Numa parte mais acima podia encontrar-se um cemitério Inca, onde a maior parte das "campas" tinha sido profanada pelos espanhois para roubar todo o ouro e tesouros que lá estavam. Depois quando estávamos a voltar para o autocarro, estavam lá uns senhores a vender uns jogos de xadrez feitos à mao. Uns jogos muito giros e muito bem feitos de espanhoís contra Incas. E melhor, muito, muito baratas. Seguidamente fomos almoçar um buffet bem servido e com comida... Mais uma vez, todos juntos no autocarro com o nosso guia "místico" lá fomos nós para mais um sítio arqueológico Inca, desta feita Ollantaytambo. Uma bonita e muito bem preservada cidade Inca, que ainda demonstra como este povo planeava a cidade.
Antigo centro cultural, administrativo e religioso estas ruínas contêm muita história, incluíndo o trono, feito em pedra do Rei Inca com vista sobre toda a cidade. O interessante desta cidade é que foi construída no topo, entre duas montanhas o que demonstra, mais uma vez o pensamento estratégico dos Incas em todas as suas construçoes, pois assim dava à cidade uma posiçao de soberania sem dar muita visibilidade à mesma. Depois de visitarmos e conhecermos a cidade dirigimo-nos até ao nosso último destino, a cidade de Chincero. Uma cidade que estava em festa e por isso só pudemos conhecer a Igreja. Claro que aproveitámos também um pouco da festa para ver as danças típicas e também para dançar um pouco.
De volta a Cusco fomos ter com o Thomas para o nosso jantar de despedida (mal sabiamos que ia ser a 1 de 4 no total). Eu como estava muito cansada fui para o hostel depois de jantar enquanto que o Bruno e o nosso amigo belga foram jogar uma partida de snooker que nenhum dos dois ganhou, devido à diferença de regras portuguesas e belgas =)



Cusco, a capital do império Inca

Mal chegámos a Cusco, fomos abordados por um senhor demasiado chatinho a falar sobre o seu hostel e quao bom e barato era, mas como eram 4h30 da manha nao tinhamos muita paciência para aturar certas coisas. O Thomas até pediu um tempinho ao senhor para pensarmos, e o que fez ele?! Ficou especado no mesmo sítio a olhar para nós... Com essa pressao toda e com o cansaço a apoderar-se de nós lá aceitámos e fomos com o senhor até ao hostel. Localizado na zona San Blás, o bairro dos artesaos.
O hostel acabou por ser uma boa escolha. E mais, o senhor para nos convencer até disse que nao pagávamos aquela noite por já ser muito tarde.
Após dormir umas horinhas, lá fomos nós à descoberta da capital do império Inca e suposta melhor cidade do Perú. De facto, Cusco revelou-se uma cidade encantadora. Com praças muito bem arranjadinhas, Igrejas bonitas e pessoas muito simpáticas. Decidimos ir tomar o pequeno-almoço à Granja Heidy pois a sua fama era óptima. Mas mál chegámos foi-nos dito que já nao serviam pequenos-almoços. Como já lá estavámos, optámos pelo menu para almoçar. E finalmente, consegui provar a bebida típica do Perú, a chica! A chica é uma bebida feita com milho cujo processo consiste em moer o milho, juntar um pouco de água e deixar fermentar, e agora a fermentacao depende do quao alcoolica se quer a bebida. Fermentar entre 2 a 3 dias resultará em pouco grau alcoólico e um sabor muito agradável. Deixar fermentar por mais dias a chica já ficará mais forte e com um alto teor de álcool. Existem 2 tipos de chica que variam com o tipo de milho que é usado. Se for usado o milho amarelo dará origem à "chica morada", mas se for usado o milho vermelho (sim, existe milho vermelho) a chica será a "roja", vermelho em espanhol. A que eu e o Thomas provámos era a vermelha e estava óptima. Nao devia ter fermentado muito, pois parecia sumo e estava bem docinha. Fez-me lembrar um pouco groselha.
Depois de encher o papo fomos à nossa agência onde tinhamos reservado o caminho inca, para dizer que tinhamos chegado e receber o nosso briefing. Acabámos por comprar também uma tour para o dia seguinte: O "Valle Sagrado". Como o nosso briefing só iria ser às 18h tinhamos tempo para passear. Acabámos  por também acompanhar o Thomas à sua agência onde ele foi comprar também a sua tour até ao Machu Picchu. Depois de tudo tratado, tivemos que ir comprar o bilhete turístico para visitar museus e sítios arqueológicos na cidade. Mas tivemos que aldrabar um pouco as coisas, assim bem ao estilo português! O bilhete custava 130 soles, mas para estudante era metade do preço. Eu como tenho cartao estudante válido até 2012 nao tive problemas, mas o Bruno e o Thomas (o único que é realmente estudante) apesar de terem cartao, nao tinham data e a senhora nao lhes queria vender os bilhetes. Soluçao: ir à net e arranjar algo comprovativo de 2010. Fácil para o Thomas que tinha notas desse ano lectivo, mas mais díficil para o Bruno que já deixou de estudar em 2009. Soluçao: aldrabar um documento que tivesse o nome do Bruno e pôr data de 2010. Done deal. E todos tivemos direito a preço estudante =)
Já com o bilhete na mao dirigimo-nos ao primeiro museu, que sorte a nossa, nao estava incluído no bilhete. Mas este museu era obrigatório pois tinha lá uma das maiores peças de joelheria feita pelo homem. A custódia de la Merced, uma espécie de joía com 1 metro e 30cm de altura, todo coberto em ouro massiço, pesando 22kg e é coberta com mais de 1500 diamantes e 1600 rubis e uma grande pérola irregular conhecida como a sereia e é considerada a segunda maior do mundo.
De seguida fomos ao museu Qoricancha, que no tempo dos Incas era usado como templo, mas também como observatório Astronómico. No entanto, o mais incrível deste sítio era que antigamente estava todo coberto de ouro. Mas claro quando os espanhóis chegaram à cidade levaram o ouro todo e destruíram o templo para construir uma Igreja. No entanto, apesar da ambiçao e violência dos conquistadores, Cusco ainda mantêm muita da sua herança Inca. Depois de visitar o museu fomos ter o nosso briefing onde nos foi explicado como iria ser o caminho Inca e o que deveriamos levar.
Seguidamente fomos jantar ao restaurante mais cool de Cusco, Makondo. Uma mistura entre arte e comida, foi óptimo. E como estávamos todos cheios de energia fomos sair para a disco mais famosa da cidade "Mamma Africa". Foi muito bom. À excepçao dum mapa que eles tinham pintado lá no tecto, onde a bandeira de Portugal estava representada com as cores de verde e branco! =O
De resto foi uma noite muito fixe com happy hour, salsa, maquilhagem grátis e boa música. Só fomos embora porque no dia seguinte eu e o bruno iamos fazer a tour do vale sagrado de manha bem cedinho. E já eram 3 da manha =S


Típica foto do Perú. Lamas e criancinhas com ponchos

 
Praça de Cusco

miércoles, 6 de octubre de 2010

Perú - Puno

Quando chegámos a Puno, fomos bombardeados com ofertas de hostels. Senhores a tentar oferecer o melhor pacote para os turístas recém chegados. Acabámos por escolher um que ficava perto da "Plaza de Armas", o nome para o centro de qualquer cidade no Perú. O senhor acabou por nos levar até ao hotel e depois tentou vender-nos a tour às ilhas flutuantes por 50 Soles, acabámos por descer para os 45 e no dia seguinte lá iamos nós bem cedo. A diferença entre o Perú e a Bolivia podia notar-se bastante, o Perú ,sendo um país mais rico, tinha hostels em melhores condiçoes. Água quente já era 24 horas, as pessoas, apesar de terem as mesmas feiçoes, vestiam-se melhor, as raparigas maquilhavam-se, homens andavam de fato e os preços da comida já eram mais altos, bem como a gasolina (3€ o litro).
Pelas 7 e picos da manha, vieram buscar-nos para irmos às irmos ilhas flutuantes de Uros e à ilha de Taquile. O guia falava fluentemente espanhol e inglês e trocava de idiomas muito rapidamente. Chegámos à primeira ilha flutuante onde as senhoras que lá viviam nos esperavam. Eu, o Thomas e a Inês saímos do barco e fomos bem recebidos por pessoas que praticamente vivem do turismo. O guia deu-nos a explicaçao de como as ilhas sao feitas. Traziam um material flutuante da montanha, pelo rio, depois juntavam em blocos (aquela ilha era constituida por 14 blocos) e colocavam várias camadas de palha na horizontal, na vertical, novamente na horizontal e novamente na vertical, etc e por fim com 4 bastoes amarravam a ilha ao fundo do lago para na "fugir" (13 metros de profundidade).
Aqui no Perú já é possível negociar preços, mas nao era tao barato como na Bolívia. Acabámos por comprar uma souvenir e a senhora contou-nos um pouco da sua vida e costumes na ilha. Visitámos a sua casa, enquanto nos contava da sua vida e a Inês ainda teve oportunidade de experimentar roupa típica. Seguimos viagem para a ilha de Taquile, onde nos esperava o almoço. Nesta ilha o guia contou-nos que aí a tradiçao ainda é o que sempre foi e que a condiçao social é representada por barretes usados pelas pessoas. Por exemplo se um homem usa o barrete de lado é sinal que estao solteiros e à procura de esposa e qundo o usam para trás é sinal que já sao casados. As mulheres por outro lado utilizam roupa com cores coloridas se estao à procura de alguém e com cores mais escuras se ja sao casadas. Se a rapariga aceitava um rapaz iam viver juntos durante, pelo menos, 2 meses e se, no máximo de 6 meses nao se gostavam separavam-se ou casavam-se.
Apenas vimos uma igreja e voltámos para o barco para uma viagem de 3 horas de volta a Puno. Pelas 5 da tarde estavámos em Puno e vimos pouco mais que o centro da cidade, indo um pouco à net e esperando o autocarro que nos levaria a Cuzco numa viagem de 10 horas, mas que na realidade foram apenas 8, chegando às 04.30 da manha e com mais histórias para contar.

Maquete da ilha

As ilhas






Copacabana

Partimos de La Paz e mal sabiamos nós que iriamos conhecer mais um companheiro de viagem durante os próximos 10 dias. O seu nome era Thomas Van Damme e era belga. Tinha apenas 19 anos, estudava arqueologia e tinha, como nós, destino ver Machu Picchu. Chegámos ao lago Titicaca e fazia bom tempo =)


A paisagem era líndissima com o lago, ilhas e montanhas cheias de neve, mas Copacabana e a ilha do Sol foram uma desilusao. Copacabana é uma vila bem pequena, quase se resume a uma igreja e uma rua onde se vendem bilhetes de autocarro e para a ilha, assim como casas de cambio e lojas de recordaçao. Fomos ao miradouro denominado Calvário e tirámos umas fotos. Estando no lago navegável mais alto do mundo, custou-nos bastante chegar ao cume do miradouro, cansamo-nos mais rapidamente, custa mais a respirar e o coraçao bate mais rápido. Para descer foi mais fácil e o resto do tempo aproveitámos para descansar. No dia seguinte dirigimo-nos à ilha do Sol onde muitas pessoas fazem peregrinaçao e visitámos um pequeno museu, o templo do sol e a pedra em que a lenda nos conta sobre o aparecimento dos primeiros incas, que vos contei no post anterior. Fizemos uma caminhada de 3h, horrível com o calor que se fazia sentir e a fome que tinhamos (nao almoçamos) e finalmente voltámos ao barco para entao apanharmos o autocarro para Puno, no Perú.
Lago Titicaca

Miradouro do Calvário

Ilha do Sol

martes, 5 de octubre de 2010

La Paz parte II

Às 7.30 do dia seguinte lá estávamos nós em frente à porta da nossa agência. Dois alemaes, um casal também estava lá à espera. trocámos impressoes e contaram-nos que estavam no final de uma férias de 3 meses pelo Equador, Perú e Bolivia. Lá partimos nós num mini bus para a "estrada da morte", a mais perigosa do mundo, pelo menos até 2007 já que agora, devido aos muitos acidentes e mortes, já nao passam muitos carros, ainda que alguns turristas morrem por lá a fazer esta tour.
Chegámos ao cume (4700 metros para descer até aos 1100) e estava muito frio, nevoeiro e neve, montámos as bicicletas e começámos a descer pelo alcatrao. Sempre que o guia avisava abrandávamos ou parávamos e os carros passavam ao lado. O guia ia tirando footografias e fazendo videos o caminho todo. Um pouco mais abaixo deixámos o alcatrao e passámos entao à oficial "Estrada de la Muerte". Pagámos 20 bolivianos e começámos a descer por terra batida. Era um terreno horrível e com a neblina nao se via quase nada, além de que, com um pouco de chuva, o chao estava bem escorregadio.
De vez em quando o tempo abria e lá se via o precipicio que estava sob nós. Era uma paisagem deslumbrante e ao mesmo tempo aterradora. Sempre com uma mao no travao lá iamos descendo e com a mini-van sempre atrás de nós. Pelo caminho viamos algumas cascatas, pessoas que viviam no meio do nada e algumas lápides de pessoas que morreram por lá. O pior era ainda a lama que ao passar de bicicleta ia-se metendo nos olhos e nao deixava ver nada. Escusado será dizer que chegámos ao final todos molhados, enlameados e sujos mesmo com as capas de protecçao. Fomos tomar um duche no hotel e comer um merecido buffet, mas por infelicidade nao pudemos aproveitar a piscina, devido à chuva.
 Voltámos à cidade pela nova estrada e descançamos o tempo restante pois no dia seguinte tinhamos mais uma tour bem cedo.
No terceiro dia, em La Paz, fomos de novo à agência e apanhámos um autocarro com mais alguns turistas para irmos às ruinas de Tiwanaku. O sitio arqueológico ficava a uma hora e meia de distância da capital. Descobrimos vestigios de uma civilizaçao muito mais antiga que os Incas e que em termos de duraçao apenas perdia para a civilizaçao egipcia (durou por volta de 3.000 anos ao passo que os faraós do Egipto duraram 5.000 anos). Uma civilizaçao que terminou pelo séc. XII e que era já bastante avançada em termos de astronomia, agricultura e matemática. Os tiwanacotes tinham construido uma piramide com 7 niveis embora apenas alguns tivessem sido escavados. Foram descobertos canais de água, vários utensilios, máscaras com feiçoes de chineses (já estariam estado em contacto com culturas orientais), uma porta da lua e do sol, onde podiam observar os equinócios e solesticios e maneiras para amplificar o som através de escavaçoes na pedra.
Estudou-se e foram descobertos monolitos dessa época e entendeu-se que eram conhecedores do tempo. Há mais de mil anos que sabiam que o ano tinha 365 dias, 52 semanas num ano e 7 dias da semana. Muita coisas estava ainda por descobrir, por volta de 90 %, devido a problemas de financiamento. Em todos os monolitos existe, por exemplo, um pormenor ainda desconhecido. A mao esquerda enconstada à barriga apontando para o centro e a mao direita, apontando também para o centro, mas apenas com o polegar e os outros 4 dedos na outra direcçao, algo impossível para o homem. Este pormenor pode-se verificar em todos os monolitos, logo, nao é um erro, mas algo propositado. Ficámos fascinamos em descobrir e analisar tanta informaçao e como nao sabiamos nada de nada até aos dias de hoje. Uma das razoes: as escavaçoes e objectos até hoje descobertos e expostos nos museus europeus sao indicados como pertencentes ao Incas, algo que está errado pois os Incas apareceram em 1400 com a lenda Manco Cápac e Mama Ocllo que vieram da ilha do Sol no lago Titicaca e foi-lhes incuntida a missao de fundar a cidade dos Incas, Cuzco! Outra razao: ainda se sabe pouco, com apenas 10% da escavaçao concluida na zona, ainda há muito para aprender e descobrir.
Quando voltámos fomos tratar de alguns assuntos como a roupa suja e comprar recuerdos de última hora.
No dia seguinte apanhámos o autocarro para Copacabana às 8.30.

Estrada da Muerte - o início


Monólito Tiwanaku

Porta do Sol

sábado, 2 de octubre de 2010

La Paz Parte I

Por volta das 7h chegamos ao nosso destino tinhamos já combinado ficar em casa duma rapariga, do programa Couchsurfing, mas como tinhámos chegado 2 dias antes do previsto tivemos que ir para um hostel na primeira noite. Fomos de táxi até ao hostel, ond edeu para ter a primeira noçao do caos que é a cidade de La Paz. Cidade enorme, construida metade num vale e a outra metade sobre as várias montanhas que a rodeavam. Muito trânsito, muita poluiçao, muita gente. Chegádos ao hostel e depois de instalados fomos conhecer a cidade onde iriamos ficar os próximos 4 dias. Munidos do mapa do centro e casacos contra o frio, lá fomos enfrentar a capital boliviana.
Primeira tarefa: arranjar dinheiro! dirigimo-nos para o centro, onde até andar se revelou uma tarefa complicada, devido ao excesso de poluiçao a que já nao estávamos habituados. Tarefa cumprida dirigimo-nos ao ponto de atracçao turística mais próximo, a Igreja de S. Francisco. Por entre o mar de gente e carros fizemos o nosso caminho para encontrar a Igreja. Depois, decidimos andar um pouco aleatoriamente pela cidade para a conhecer um pouco melhor. Fomos ver a praça municipal, a Sé da cidade e o Parlamento onde se encontra Evo Morales, Presidente da Naçao. Claro que estas nossas voltinhas foram sempre recheadas com a compra de vários recuerdos.


Já sendo horas de jantar, olhámos para o mapa e decidimos experimentar o melhor restaurante mexicano da cidade. Em contraste com o dia La Paz, à noite, parece que vira uma cidade fantasma. Muito poucas pessoas na rua, o mesmo de carros e muitos caes abandonados. Como ainda era cedo, depois de jantar, decidimos ir sair para um bar, experimentar um pouco da noite boliviana. De novo, regressámos ao mapa e vimos a indicaçao de um bar diferente e underground, bem perto do nosso hostel, Decisao tomada, aí vamos nós. Confesso que mál demos com o bar, devido à sua porta pequena e nada chamativa. Senao tivessemos visto umas pessoas a lá entrar, nao creio que dessemos com o lugar. Pagámos 10bs para entrar e quando o Bruno respondeu que eramos de Portugal, obtivemos um simpático e orgulhoso "merci". Sorrimos e continuámos a descer as escadas. Quando se referiam ao bar como underground é porque é mesmo. Localizado numa cave, este bar sem janelas e cheio de graffitis demonstrou ser um bar cheio de estilo. (Diferente mas com estilo) Nem tivemos tempo de ver a música ao vivo, os olhos estavam tao pesados que tomámos o nosso cocktail, falámos um pouco e fomos dormir. No dia seguinte, fomos ter com a Viviana, a nossa host naquela cidade. Tivemos sorte porque tinhamos um quarto à nossa espera. Deixámos lá as nossas mochilas e acompanhámos a Viviana até ao seu trabalho, já que ela trabalha num dos sítios mais turísticos da cidade. Na rua das bruxas bem no meio do mercado da feitiçaria. Claro, que lá comprámos mais uns recuerdos pois a rua está cheia de lojas para turistas. A Viviana levou-nos até à agência Bairro Biking, onde acabámos por comprar a tour da estrada da morte para o dia seguinte e ainda uma outra ao sítio arqueológico Tiwanaku para o outro dia. Passeámos pelo mercado onde pudemos estar em contacto com a cultura boliviana, fetos de lama, ossos dos mesmos animais, enfim de tudo um pouco para alimentar as superstiçoes deste povo. Diz-se que quem quer construir uma casa na Bolívia, antes tem que enterrar um feto de lama em espécie de sacríficio para trazer boa sorte para o futuro.
Vista panorâmica de La Paz

La Paz da janela da cozinha da Viviana

La Paz