miércoles, 13 de octubre de 2010

Caminho Inca - O Início

Dia 11 de Setembro o dia que antecedeu o início do caminho inca. Como nos tinha sido dito para descansar, assim fizemos. Um dia leve a passear pela cidade de Cusco. Fomos comprar uns últimos recuerdos e enviar tudo para Portugal. Passeamos pela cidade e visitámos mais alguns museus. No final do dia, como sabiamos que o Thomas tinha ido fazer o vale sagrado, fizemos-lhe uma surpresa e fomos ter ao hostel onde ele estava hospedado para o convidarmos para jantar (mais outra despedida :] ). Fomos todos jantar e tirar as últimas fotos. Tivemos a nossa segunda despedida, mas sempre com a promessa de nos encontrarmos em Machu Picchu. O Thomas apesar de não fazer o caminho inca, ia chegar no mesmo dia que nós, à cidade perdida dos incas. Depois fomos todos descansar porque o dia que nos esperava ia começar bem cedo.
Às 6h15 estavam a tocar à porta do nosso hotel para a recolha. Fomos ter até à cidade de Ollaytaitambo, onde mal saimos do autocarro, fomos violentamente abordados por vendedores a impingir tudo e mais alguma coisa. O Bruno sempre com espírito regateador, até criou uma briga entre duas vendedoras. Como ele queria mais barato disse que não comprava, mas uma outra vendedora disse que vendia mais barato e a vendedora original ficou toda chateada e começaram as duas a discutir à nossa frente. Mas foi assim que conseguimos comprar dois ponchos para a chuva por 4soles. Conclusão: a concorrência é boa para o mercado pois baixa sempre os preços. Ainda na mesma cidade tomámos o pequeno-almoço e eu aproveitei para comprar um chapéu. 4 dias a andar de cabeça ao sol não pareceu boa ideia.
Seguimos viagem ainda no autocarro, até ao ponto onde entrariamos no caminho inca. Aí, travámos conhecimento com o nosso guia Gil, e com o restante grupo que nos ia acompanhar. Mais uma vez aí, vendedoras a tentarem vender tudo e masi alguma coisa, mas sempre de uma maneira desesperada. Nós a dizermos não e sempre a insistirem e a esfregarem as coisas na nossa cara. O pânico!
Depois de todas as apresentações feitas pusemo-nos a caminho. Passámos o controlo para entrar, onde verificavam os nossos passaportes e identidade e carimbavam, finalmente, a nossa entrada no caminho. Apesar de sermos ainda um grupo, para fazer a caminhada ia só eu o Bruno e o nosso guia. E só nos juntávamos todos para as refeições e para as dormidas. Assim cada grupo podia ter o seu próprio ritmo. Apesar de eu estar com o Bruno que é muito mais rápido do que eu, mas enfim, o grupo tem que se adequar à velocidade do elemento mais lento: Aqui a menina da cidade, óbvio!
Começámos a caminhada e até ao almoço foi fácil, sempre plano e nada de muito complicado. Ao almoço lá nos encontrámos todos de novo. O Marcelo e a Valéria da Argentina, a Sónia do Uruguai, todos com a guia Juana. Depois com o outro guia iam os dois holandeses, cujos nomes nunca chegámos a perceber e nós com o Gilbert. O primeiro almoço foi calminho até porque ainda não nos conheciamos, mas claro que com argentinos na mesa nunca seria uma refeição silenciosa. Acabámos por descubrir que é mesmo verdade. O povo argentino e uruguaio é muito animado. Após o almoço e o mate de coca seguimos viagem com a mochila às costas. O Gil sempre nos ia dando explicações sobre algumas plantas e árvores e iamos metendo conversa contando coisas sobre Portugal. (Dar a conhecer o nosso maravilhoso país). Continuámos a nossa caminhada bem dispostos e o caminho até era plano. Portanto não exigia muito esforço físico. Por volta das 17h chegámos ao nosso primeiro acampamento. Não tomámos banho, pois a água era gelada (apenas teriamos duche "quente" na 3a noite) e portanto seguimos directamente para a tenda para descansar um pouco. Às 19h horas estávamos todos juntos na mesa para jantar com os nossos guias. Falámos um pouco e comemos bem, aliás é de mencionar que durante toda a trilha inca comemos sempre bem e por vezes até chegava a comer um pouco do prato da Inês =)
O pior pesadelo para a Inês durante os 4 dias seriam as casas-de-banho. Praticamente todos os sítios onde havia casas-de-banho, que nas montanhas não era assim tão comum, apenas exisitia um buraco no chão, onde as pessoas podiam fazer as necessidades, sem papel higiénico, sem sabonete nem sanita. Enfim algo que se toma como garantido tornava a viagem um pouco mais dura, contudo é um contratempo que o mochileiro tem que ultrapassar e 4 dias passam rápido.
Fomos para a cama / chão, às 21h e sem sono e lá tentámos adormecer. Às 5h30 do segundo dia os carregadores/porteadores, que eram peruanos magricelas levavam 20 a 25kg às costas (por vezes até 30kg) desde tendas, mesas, comida, cadeiras, etc, acordáram-nos com um cházinho à porta da tenda e lá nos metemos de pé para o que viria a ser o dia mais duro do caminho inca.
Adorei a experiência, é algo que marca uma pessoa, mas este dia puxou bem por nós por serem 5horas sempre a subir. Os holandeses com receio de ser demasiado duro deixaram a mochila para os carregadores levarem, pagando um extra e a Inês decidiu fazer o mesmo. Eu continuei a levar a minha mochila, saco-cama e colchonete. Quando o sol nasceu, tirámos o casaco porque caminhar com aquele sol provoca imenso calor. Subimos até aos 4200m subindo degraus bem altos. A meio da subida parámos para almoçar e descansar um pouco, o que serviu para recuperar forças visto que a Inês já estava cansada. Após esse momento fomos comprar água visto que a um certo ponto do caminho a água começa a ser escassa e bem cara. Um pormenor que adorei é o facto que ao chegarmos à tenda temos o "empregado", moço como lhe chamavam, com um copo de chicha ou por vezes outra bebida para nos refrescar-nos. O trabalho destes valentes senhores era ainda mais dificultado pelo facto de sairem dos acampamentos depois dos turistas e guias, por terem de arrumar tudo e chegarem antes de nós ao acampamento seguinte para terem tudo preparado. Apenas podiam levar 3kg pessoais, sendo que tudo o resto era equipamento da agência (mais ou menos 20kg). Bom, continuando o nosso caminho subimos até ao cume da montanha levando umas boas 2horas e pelo caminho vimos um velhote, aliás vários para nossa surpresa. No entanto houve um que chamou a nossa atenção, pelo cabelo branco e pelo contraste da mala pesada que levava. Todos faziamos apostas para adivinhar a idade do senhor que acabou por se revelar como o Super-Homem.

Durante o caminho chegámos a ver de tudo, pessoas de todas as nacionalidades e idades inclusivé uma rapariga nos seus 20 anos que se sentiu mal e teve que ser carregada pelos heroícos carregadores. Não sei onde é que eles iam buscar a força! Finalmente chegados ao topo da montanha a Inês estava morta. Tivemos um merecido descanso, mas o dia não ficava por aí. Havia mais duas horas de caminhada só que desta vez a descer. Foi o único dia que não vimos sítios arqueológicos mas com o que caminhámos não havia tempo para mais. Finalmente no segundo acampamento pudemos dar um merecido repouso aos pés, ombros, enfim a tudo o que doia inclusivé a alma. Aproveitámos também para petiscar umas pipocas e comer umas bolachas, tudo cortesia da nossa agência e dos queridos carregadores =)
Novamente às 19h em ponto fomos jantar e ouvimos uma história de terror sobre o sítio onde estávamos para fomentar um pouco o medo antes da hora de dormir. Mas nós não ligámos à superstição e tratámos de ir à casa-de-banho, lavar os dentes e voltámos à tenda pelas 21h para dormir umas belas 7h a 8h horas.



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